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21 de mai. de 2010

E o aglomerado passou...


Fotos de Gabriel Guerra


Na quarta-feira passada, 19 de maio, realizamos a intervenção urbana Aglomerado, pelo Quarta que Dança - Funceb. Saímos um pouco "atrasados", às 10:40 (+ ou -). Mas o legal da idéia de intervenção é q essas burocracias não mudam muita coisa. Ou melhor, não impedem que a intervenção aconteça.


Na intervenção, cedo ou tarde, o importante é que o evento aconteça. Diferentemente de um espetáculo no teatro onde o público, tradicionalmente, não espera mais do que 15 min pós hora marcada.

Aglomerado propunha uma ação bem simples:

Realizar uma procissão em prol do nada. Em Salvador saímos da frente Shopping Center Lapa (Av. Sete de Setembro) em direção à Igreja de São Francisco (Pelourinho). Ao longo do percurso, um grupo de pessoas carregam e acompanham um andor, que suporta uma pessoa (no caso, Natália Matos) que tem sua cabeça encoberta por uma máscara da cavera do Mickey. O andor ainda foi ornamentado com flores de plástico, balões de héllio, entre outros objetos que iam sendo comprados no comércio popular das ruas percorridas. A ação teve duração de aproximadamente 1h e 20min e chegamos junto às 12 badaladas do sinos da igreja.


Ah! Claro: Aristina roubou a atenção a todo tempo. Uma diva (!)(?)

Sobre a recepção, podemos dizer que o povo das ruas de Salvador realmente parece gostar de interagir com as intervenções. Sempre que realizamos alguma coisa nas ruas percebemos isso. A cultura de rua do centro da cidade, e até mesmo o corpo festivo do soteropolitano, parece abrir canais de diálogo direto entre público e obra , ou ainda, parece pulverizar essa dicotomia.


No caso da realização de Aglomerado em Salvador a aproximação dos transeuntes ainda se dá por sua concepção/ação ser constituída da criação de um espaçamento de intimidade e tensões entre imagem-corpo, massa urbana, tradição, religiosidade e imaginário popular local.

A procissão não é algo distante a vida daquelas pessoas que estavam no percurso da Av. Sete ao Pelourinho. Por essas mesmas ruas, freqüentemente, vemos passar passeatas sindicalistas, partidos políticos, carnaval, parada gay, entre outros movimentos sociais diversos. Aglomerar-se em prol de qualquer coisa é parte da cotidianeidade daquelas ruas. Porém aglomerar-se em prol do nada parece criar um deslocamento ainda mais atrativo, nem que seja pela simples curiosidade de perguntar: por que esse povo tá andando junto, carregando essa alegoria? É o que que vcs estão reivindicando? Ou ainda os mais intimamente envolvidos: ela perdeu o filho foi? qual milagre que essa santa faz? Onde que tá a cabeça do corpo?*

Fazendo uma breve comparação entre a versão caleña (2008, Cali - Colômbia) e a versão baiana vemos o quanto Aglomerado parece dialogar mais com o nosso imaginário coletivo local. Em Cali, Aglomerado passou quase que ileso pelas ruas. Ninguém se aproximou pra acompanhar a procissão, a não ser nossos os próprios amigos colombianos que já sabiam do ação e foram acompanhar a caminhada. Aqueles poucos que se aproximaram vieram mais com o tom de estranhamento ou até mesmo de controle, como o caso da Polícia Nacional Colombiana que nos cercou a todo tempo, com medo de estourarmos alguma coisa (devia ser, rs).

Já em Salvador, o povo parava pra perguntar, cumprimentar, ou até mesmo sugerir um corpo aberto a devoção - que milagre ela faz?** - como se dissesse: eu posso crer nela também? Qualquer coisa, estamos aí!

Dos elementos comprados ao longo do caminho, ainda adquiridos uma calcinha vermelha de renda, flores de plástico, cafezinho para a pausa e cervejinha para a “refrescância”. Ainda buscamos um pipoqueiro ao longo do percurso para fazer um banho de pipoca, porém descobrimos o quanto é difícil hoje encontrar um pipoqueiro nas ruas da cidade.


Sigamos!

Agora vamos rumo a realização do plano de acesso do projeto, e continuação de ensaios de Obras de uma carta anônima...


* Enunciados proferidos pelos transeuntes que acompanharam momentaneamente o Aglomerado;
** Idem.

4 comentários:

~ana pi~ disse...

adorei a proposta deve ter sido muito bom de fazer, ainda mais em salvador! consigo entender totalmente quando você diz sobre as tradições da avenida sete e o 'pode crê amizade, se precisar é conte comigo pra acreditar na santa também', rarara, muito bom! e fiquei curiosa, o que serà o plano de acesso? vejo na intervenção uma potência tão grande como plano de acesso jà, sabe? fiquei curiosa com este caso.
viva ao comtempus!
beijos, beijos.

sRG disse...

Tava vendo agora o projeto de Aglomerado, que enviamos no ano passado para o quarta que dança. Encontrei uma passagem ótima:

"Aos
transeuntes restam dúvidas sobre essa aparente festa sem motivo, 'em prol do nada'
(será?), mas que ainda assim é seguida pelo desejo da curiosidade geradora de
perguntas: Aonde vai dá isso? Onde me encontro nessa massa? À que celebram? O que
querem? Seguirei? Se sim, por que? Mickey Mouse na Bahia? Sim, nós
podemos(.)(?)(!)."

sRG disse...

aninnha!
ainda estamos vendo onde será o plano de acesso. Trata-se de um debate aberto falando sobre Dança e intervenção urbana; Tinhamos pensado em ser na faculdade Universo junto com o curso de Serviço Social, mas ainda n conseguimos nos organizar para.
Bom te ver por aqui. venha mais vezes, bJ.

~ana pi~ disse...

sempre venho! sempre mesmo!
Z
de zezolândia!
beijos.