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4 de jun. de 2010

Resultados do debate "Dança como uma ação intervencionista"


Na última quarta-feira, dia 02 de junho de 2010, na Faculdade Universo – Campus Salvador, as 19h, o Grupo CoMteMpu’s em parceria com o curso de Serviço Social da Universo realizou o debate “Dança como uma ação intervencionista”, plano de acesso do projeto Aglomerado, contemplado pelo Quarta que Dança 2009/2010. A atividade foi acompanhada por cerca de 30 alunos do curso de Serviço Social da Faculdade Universo, sob a coordenação da professora Favônia Reis.

A atividade foi composta primeiramente de uma apresentação de referências do grupo, apresentadas por mim (sRG), sobre as tensões entre Dança X Política e Dança X intervenção. Iniciamos apresentando um panorama histórico entre Dança e Política, apresentando a Dança como rastro conflitivo de nosso processo civilizatório ocidental. Destacamos tensões desde as tramas da polis grega, passando pelas Danças de corte, os balés românticos e a disputa dos estados-nação, o expressionismo e o mundo pós-guerra, o corpo festivo e sua postura subversiva e marginal, o movimentos da anti-arte e da arte como ação. Dessa análise partimos para apresentação das propostas de pesquisa do Grupo CoMteMpu’s e seus projetos de Dança como ação intervencionista. Nesse momento ainda apresentamos registros de algumas de nossas obras, além de trabalhos de outros artistas nacionais e internacionais que também apresentam pesquisas relacionadas a essas discussões.

Em seguida, num segundo momento do encontro, a professora Favônia Reis fez considerações sobre aproximações entre os papéis do artista e do assistente social. Reis trouxe como referências a teoria de Karl Marx e Theodor Adorno, falando da mercantilização da Arte trazendo questões quanto a estética de classe: será que produzimos Arte para classes sociais? Existe um contingenciamento estético que direciona a suposta Dança ideal para classe X ou Y?

Tanto na minha apresentação quanto de Reis pudemos deflagrar uma série de aproximações entre as áreas de Dança e Serviço Social, mas a que mais ficou marcada foi quanto ao caráter intervencionista do artista e do assistente social. Em diferentes contextos, artistas da Dança e Assistentes Sociais vem contribuindo para a revisão e crítica a estruturas sociais fazendo de seus ofícios dispositivos políticos de intervenção simbólica, econômica e cidadã.

Outros questionamentos surgiram no debate e incitaram os alunos a refletirem sobre a intersecção entre as duas áreas. Um das discussões mais marcantes nessa troca foi quanto ao lugar comum da utilização da Arte nos projetos sociais, que tendem a colocar a Arte como um adorno publicitário de suas instituições financiadoras. Sendo assim, surgiu a questão: Como trabalhar com a Dança em projetos sociais sem que sejamos cooptados pela ilusão/ marketing da mera repetição do discurso clichê “A Arte transforma”?

Assim, discutimos em concordância quanto ao caráter individual da Dança de promover o desenvolvimento intelectual e sensível necessário à formação de um humano mais consciente de seu papel no mundo. Porém é preciso que entendamos que essa especificidade já é intrínseca à Dança e essa não necessita ser maquiada nem por um discurso social nem por um hasteamento de bandeira. É por esse motivo que debates / intercâmbios como este promovido pelo CoMteMpu’s se fazem necessários para que possamos superar mitos e partamos para construção de ações conjuntas realmente efetivas entre áreas do conhecimento.

Após duas horas de discussão, nós do Grupo CoMteMpu’s entendemos que os resultados desse debate ultrapassaram os propósitos inicialmente pretendidos. Mais do que realização de um plano de acesso do projeto Aglomerado, esse debate promoveu o encontro e intercâmbio entre áreas do conhecimento aparentemente distanciadas, ajudou a romper preconceitos e, ainda, contribuiu para a difusão tanto das produções do CoMteMpu’s quanto da Dança como um todo. Tanto nós da Dança aprendemos mais sobre o Serviço Social, quanto eles, do Serviço Social, aprenderam mais sobre a Dança.

Ao fim do debate saímos com um sentimento de missão cumprida e com a sensação de que abrimos novos canais de comunicação, conectando lugares, pessoas e idéias.


Ah! Importante também registrar as presenças ilustres de Aristina e seu óculos escuros e de Raema Nascimento, minha mãe, quem fez todo o contato com a coordenação do curso de Serviço Social da Universo. Momento coruja: "brigadin mamis", pelo apoio dado, sempre! Apesar de ser eu quem estou escrevendo os agradecimentos vem de todos os Zezas. Ainda aproveitando o momento agradecimentos, vamos registrar também bajulações (rs) à professora Favônia Reis e a todo o curso de Serviço Social da Universo, que desde o princípio nos recebeu de braços abertos.
Muito obrigado a todos!